quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Carnes com hormônio





Você deixou de comer carne frango por causa do uso de hormônios e trocou por peixe de cativeiro?


O uso de hormônios na produção de carnes é polêmico. No Brasil, o Ministério da Agricultura não permite sua utilização na produção de animais para abate, sejam eles bovinos, suínos ou frango. 
No caso dos frangos, o antibiótico é o principal problema, utilizado em quase toda a produção, tanto com objetivo terapêutico quanto de promover o crescimento, ao diminuir a população de patógenos no intestino das aves e melhorar a absorção de nutrientes. Países como a Dinamarca proibiram o uso de antibióticos em animais com a finalidade de promover o crescimento.


As tilápias do Nilo compõem o grupo de peixes que mais cresce em termos de comercialização, especialmente pelo aumento da produção desta espécie na China e outros países em desenvolvimento, como o Brasil (HEMPEL, 2002). Possuem rápido crescimento, boa conversão alimentar e consumo de ração artificial desde a fase larval (MEURER et al., 2000), muito provavelmente devido a todas essas características positivas conseguiram contribuir com mais de 1 milhão de toneladas nas últimas estatísticas pesqueiras mundiais da FAO (2010). 

A tilápia tem grande precocidade reprodutiva, o que representa um problema na piscicultura (Neumann et al., 2009). A precocidade reprodutiva causa superpopulação, que, para ser controlada, exige aplicação de alguns métodos, como a masculinização por meio de hormônios esteroides masculinizantes (Popma & Green, 1990), tanto na ração como em banhos de imersão (Gale et al., 1999), para produção de população monossexual. Além disso machos apresentam maior taxa de crescimento (em torno de 30% a mais).

A adição do hormônio 17-α-metiltestosterona (MT) na ração é o método mais utilizado na reversão sexual de tilápias e pode produzir 98% de machos (Mainardes-Pinto et al., 2000) utilizando-se ração suplementada com metiltestosterona (60 mg.kg-1) por um período de 30 dias a partir do início da alimentação exógena das larvas. Banhos de imersão de larvas em solução contendo metiltestosterona para masculinização dos peixes, de acordo com outros autores (Bombardelli et al., 2007; Dias-Koberstein et al., 2007), resulta em populações com até 83% de machos.

Em 1995, foi determinado pelo Codex Alimentarius do Brasil que a testosterona não apresentava problemas para a saúde humana, desde que em doses inferiores a 2 mg.kg-1 (Palermo-Neto, 1998).


Anabolizantes como a testosterona e trembolona muitas vezes usados na produção animal, não são permitidos na Europa, fazendo com que todo produto importado e que apresente resíduos de hormônio seja embargado. Já nos Estados Unidos, é permitido o uso de testosterona e acetato de trembolona em produtos de origem animal. 


17-α-metiltestosterona (MT) é suspeita por causar câncer em humanos e é conhecido por induzir tumores benignos no fígado (Soe et al., 1992). Entretanto, os resultados das pesquisas não foram suficientes para proibir a utilização deste composto nas pisciculturas do Brasil. 

Com a alta produção de tilápia, é importante que o consumidor se assegure de que o produto a ser consumido esteja dentro dos padrões de segurança alimentar, sem riscos de efeitos residuais de hormônios esteroides. 

Mas na prática, o produtor lança mão do aumento na quantidade de hormônio utilizada quando não atinge um bom índice de inversão, na tentativa frustrada de aumentar o índice de inversão. Com isso, maior quantidade de resíduos deste hormônio é lançada no ambiente. 

Acredita-se que o uso indiscriminado do hormônio provoque um impacto ambiental considerável e que isto possa trazer alguns prejuízos a curto e longo prazos para a saúde do homem e dos animais.